Palavra em Terapia

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Namastê

A mídia tem uma função social muito grande. Além de vender, e do dever de informar e entreter, é também formadora de opiniões. A mídia televisiva hoje tem um longo alcance e está presente na vida da maioria das pessoas. Pensar em como a mídia nos atinge nos leva a uma análise do que ela está produzindo.
Como um caminho de acesso amplo ao nosso cotidiano, cria, produz e veicula programas e propagandas com inúmeros fins. Mas queria me deter em uma produção específica dessa vertente de comunicação, as telenovelas. A recém-terminada Caminho das Índias é a prova de como essas produções tem um longo alcance as nossas vidas, introduzindo hábitos e criando moda no nosso cotidiano.
De uma hora para outra as pessoas passaram a dançar música indiana, fazer festas indianas, cantar músicas indianas, baixar toques de celular com temas indianos, introduziram em seu vocabulário expressões como “Arebaba”, ätchá” e “nahim”, e o popular “você não vale nada mas eu gosto de você” virou brincadeira nos mais diversos contextos. Mas será que as pessoas pararam para refletir sobre as inúmeras questões que a novela levantou?
Mesclando ficção e realidade, a autora Glória Perez abordou a falta de limites dado pelos pais aos filhos, a situação da mulher indiana, como uma sociedade que tem como avatares Gandhi e Madre Tereza de Calcutá, uma sociedade tão espiritualizada como a indiana pode ser tão preconceituosa, a problemática dos psicopatas e das pessoas portadoras de deficiência mental e o drama de suas famílias, e tantas questões que causam sofrimento a uma grande parte da sociedade.
Atualmente fala-se muito na mídia, seja ela televisiva, de rádio ou impressa como alienadora, transmissora de informações manipuladas ou partidárias. Não acredito tanto na culpa dessa mídia. Ela tem papel e uma função importantes na sociedade sim, e sabemos que muitas vezes é tendenciosa, assim como sabemos que uma pequena minoria da população é privilegiada com o acesso a informações e cultura de qualidade e estudos, o que é fundamental para formação de senso crítico, mas isso não justifica que responsabilizemos unicamente a mídia pela alienação das pessoas.
Somos seres pensantes, racionais, dotados de intelecto, que precisa ser desenvolvido, e, para isso, estimulado. E essa é uma responsabilidade primeiramente nossa. Temos também livre arbítrio, o que nos permite fazer escolhas, inclusive sobre como vamos permitir que a mídia nos influencie, e o que vamos fazer com o conteúdo que ela nos traz.
Novelas como Caminho das Índias podem ajudar a alienar sujeitos mais suscetíveis, mas podem ajudar a reflexão sobre problemas do cotidiano que nos passam despercebidos, e sobre os quais não fazemos nada. Cabe a nós utilizar essa mídia a nosso favor, para auxiliar na formação de um pensamento crítico, questionador, para alertar sobre temas de relevância social, demover preconceitos, trabalhar em cima de uma fé raciocinada, e não permitir que ela seja uma mera transmissora de conhecimentos (ou melhor, de informações, pois o conhecimento é gerado por nós através da reflexão das informações), alienadora, introduzindo hábitos e modismos nas nossas vidas.
Aproveitemos a mídia, reflitamos sobre ela e sobre seus conteúdos, pois isso permitirá nos colocar de uma forma mais saudável no mundo, agindo de forma positiva e coerente sobre ele. Namastê!

Texto de Setembro de 2009

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