Palavra em Terapia

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Rio 2016

A notícia que o Rio havia ganhado a disputa para sediar as Olimpíadas de 2016 foi gratificante. Nessas horas o patriotismo fala alto e nos enchemos de orgulho de ser brasileiros. Mas o que de fato essas olimpíadas representam, o que concretamente ganharemos? Vejo mais uma vitória do governo e que alguns investimentos serão realizados em infra-estrutura, transportes e segurança, muitos empregos serão gerados, uma enorme soma de dinheiro circulará, e outros ganhos a nível internacional serão obtidos, mas o que de essencial proverá ao país essa vitória?

O que fiquei me perguntando, ao ver cem mil pessoas na festa montada em Copacabana em pleno dia útil, não é se essa é uma vitória real, é sobre a nossa postura diante dessa vitória, se não estamos mais uma vez sobre a égide política de pão e circo, tão velha quanto Roma e ainda vigente em nosso país. No discurso emocionado de nosso Presidente, ele disse que representava ali os sonhos e esperanças de mais de 190 milhões de brasileiros. Mas quantos desses brasileiros irão realmente participar ou se beneficiar desse evento?
Acredito que uma minoria da nação terá esses privilégios. Não quero dizer com isso que este é um fato irrelevante ou supérfluo, pois concordo com nosso Presidente que muitos sonhos, alegrias e esperanças estão embutidos nessa vitória, porém espero que essa realmente promova uma mudança de paradigma para nosso país. É isso que precisamos.

Essa vitória pode ser aproveitada para incentivar os jovens as práticas de esportes, aproxima-los das quadras e leva-los as escolas, alimentando neles sonhos e esperanças, aumentando suas perspectivas e conferindo um sentido a suas vidas, desenvolvendo habilidades e valores neles.
Do ponto de vista psicológico, o esporte encanta, liberta, ajuda na melhoria da qualidade de vida, auxilia na disciplina, combate o estresse, é um mecanismo para superação, motivação, sublimação e canalização de energia e libido. O esporte é uma forma de atuarmos no mundo e transforma-lo, a medida que ele nos transforma.

Através do esporte temos grandes lições de vida, garra, humildade, competência, superação e determinação, e referenciais são sempre importantes na construção da subjetividade do ser e das coletividades. Sendo assim, muito pode ser feito nesse sentido.
Então, vamos nos alegrar, rir, chorar, vibrar, torcer, comemorar, mas não vamos esquecer de cobrar dos nossos representantes que as melhorias não parem por aí e não sejam para uma minoria.

Não vamos permitir que façam de nós mais uma massa feliz com o circo, e pobres de pão. Queremos e temos direito de ter muito mais! Teremos um Cristo com os braços abertos sobre a Guanabara, a abençoar uma festa tão linda. Que tenhamos também governantes conscientes, que nos respeitem e olhem por nós, e para isso, ampliemos nossa consciência.
É essencial termos ciência da importância da educação na nossa formação, senão corremos o risco de nos alegrar com as conquistas felizes do governo, que nos dão circo, mas não nos permite buscar o pão de forma digna e não equacionam o nosso maior problema: a fome e a miséria. E só há um caminho para mudar isso: EDUCAÇÃO.

Educação pública de qualidade permitirá nosso desenvolvimento intelectual, nos colocará em uma posição econômica produtiva, e respeitará nossa capacidade de seres pensantes, capazes de prover o próprio sustento com seu trabalho.

Essa vitória não será tão relevante se não forem realizados investimentos de base, se políticas para o desenvolvimento de todos os cidadãos não se tornarem prioritárias e de forma que todas as classes sejam privilegiadas.

Sejamos patriotas também nesse sentido, aliás, é o que faz o verdadeiro patriota, luta por sua nação. Precisamos nos conscientizar de que a nossa postura pessoal constrói nossa realidade pessoal, a postura de uma coletividade, constrói a realidade de uma coletividade. E uma coletividade é formada por uma série de individualidades. Os países ditos desenvolvidos o são na maioria das vezes não por possuir abundância de recursos naturais ou por ter cidadãos mais inteligentes, mas sim pelo comprometimento de cada indivíduo, que pautam sua conduta por valores e princípios como a ética, o compromisso, a responsabilidade, o respeito aos demais cidadãos, o amor ao trabalho, a vontade de superação e crescimento. Oportunidades de estudo e trabalho devem ser permitidas a todos. É isso que torna o ser humano digno.
Portanto, analisemos a nossa postura e o que estamos fazendo por nós mesmos, por nosso crescimento e, consequentemente, pelo crescimento do Brasil. Em que princípios e valores estamos pautando nossas condutas e guiando nossas vidas? Sejamos reflexivos, para que nos tornemos conscientes.
Texto de Outubro de 2009

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